Autonomia para Piaget
Jean
Piaget, na sua obra discute com muito cuidado a questão da autonomia e
do seu desenvolvimento. Para Piaget a autonomia não está relacionada com
isolamento (capacidade de aprender sozinho e respeito ao ritmo próprio -
escola comportamentalista), na verdade entende Piaget que o florescer
do pensamento autônomo e lógico operatório é paralelo ao surgimento da
capacidade de estabelecer relações cooperativas. Quando os agrupamentos
operatórios surgem com as articulações das intuições, a criança torna-se
cada vez mais apta a agir cooperativamente.
No
entender de Piaget ser autônomo significa estar apto a cooperativamente
construir o sistema de regras morais e operatórias necessárias à
manutenção de relações permeadas pelo respeito mútuo.
Jean
Piaget caracterizava "Autonomia como a capacidade de coordenação de
diferentes perspectivas sociais com o pressuposto do respeito
recíproco". (Kesselring T. Jean Piaget. Petrópolis: Vozes,
1993:173-189).
Para
Piaget (1977), a constituição do princípio de autonomia se desenvolve
juntamente com o processo de desenvolvimento da autoconsciência. No
início, a inteligência está calcada em atividades motoras, centradas no
próprio indivíduo, numa relação egocêntrica de si para si mesmo. É a
consciência centrada no eu. Nessa fase a criança joga consigo mesma e
não precisa compartilhar com o outro. É o estado de anomia. A
consciência dorme, diz Piaget, ou é o indivíduo da não consciência. No
desenvolvimento e na complexificação das ações, o indivíduo reconhece a
existência do outro e passa a reconhecer a necessidade de regras, de
hierarquia, de autoridade. O controle está centrado no outro. O
indivíduo desloca o eixo de suas relações de si para o outro, numa
relação unilateral, no sentido então da heteronomia. A verdade e a
decisão estão centradas no outro, no adulto. Neste caso a regra é
exterior ao indivíduo e, por conseqüência, sagrada A consciência é
tomada emprestada do outro. Toda consciência da obrigação ou do caráter
necessário de uma regra supõe um sentimento de respeito à autoridade do
outro. Na autonomia, as leis e as regras são opções que o sujeito faz na
sua convivência social pela auto-determinação. Para Piaget, não é
possível uma autonomia intelectual sem uma autonomia moral, pois ambas
se sustentam no respeito mútuo, o qual, por sua vez, se sustenta no
respeito a si próprio e reconhecimento do outro como ele mesmo.
A
falta de consciência do eu e a consciência centrada na autoridade do
outro impossibilitam a cooperação, em relação ao comum pois este não
existe. A consciência centrada no outro anula a ação do indivíduo como
sujeito. O indivíduo submete-se às regras, e pratica-as em função do
outro. Segundo Piaget este estágio pode representar a passagem para o
nível da cooperação, quando, na relação, o indivíduo se depara com
condições de possibilidades de identificar o outro como ele mesmo e não
como si próprio. (PIAGET, Jean. Biologia e conhecimento. Porto: Rés
Editora, 1978).
"Na
medida em que os indivíduos decidem com igualdade - objetivamente ou
subjetivamente, pouco importa - , as pressões que exercem uns sobre os
outros se tornam colaterais. E as intervenções da razão, que Bovet tão
justamente observou, para explicar a autonomia adquirida pela moral,
dependem, precisamente, dessa cooperação progressiva. De fato, nossos
estudos têm mostrado que as normas racionais e, em particular, essa
norma tão importante que é a reciprocidade, não podem se desenvolver
senão na e pela cooperação. A razão tem necessidade da cooperação na
medida em que ser racional consiste em 'se' situar para submeter o
individual ao universal. O respeito mútuo aparece, portanto, como
condição necessária da autonomia, sobre o seu duplo aspecto intelectual e
moral. Do ponto de vista intelectual, liberta a criança das opiniões
impostas, em proveito da coerência interna e do controle recíproco. Do
ponto de vista moral, substitui as normas da autoridade pela norma
imanente à própria ação e à própria consciência, que é a reciprocidade
na simpatia." (Piaget, 1977:94). (PIAGET, Jean. O julgamento moral na
criança. Editora Mestre Jou. São Paulo, 1977).
Como
afirma Kamii, seguidora de Piaget, "A essência da autonomia é que as
crianças se tornam capazes de tomar decisões por elas mesmas. Autonomia
não é a mesma coisa que liberdade completa. Autonomia significa ser
capaz de considerar os fatores relevantes para decidir qual deve ser o
melhor caminho da ação. Não pode haver moralidade quando alguém
considera somente o seu ponto de vista. Se também consideramos o ponto
de vista das outras pessoas, veremos que não somos livres para mentir,
quebrar promessas ou agir irrefletidamente"(Kamii C. A criança e o
número. Campinas: Papirus).
Kamii
também coloca a autonomia em uma perspectiva de vida em grupo. Para
ela, a autonomia significa o indivíduo ser governado por si próprio. É o
contrário de heteronomia, que significa ser governado pelos outros. A
autonomia significa levar em consideração os fatores relevantes para
decidir agir da melhor forma para todos. Não pode haver moralidade
quando se considera apenas o próprio ponto de vista.
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/jean-piaget/jean-piaget-1.php#ixzz1yj8fFANL
Autonomia para Piaget
Jean
Piaget, na sua obra discute com muito cuidado a questão da autonomia e
do seu desenvolvimento. Para Piaget a autonomia não está relacionada com
isolamento (capacidade de aprender sozinho e respeito ao ritmo próprio -
escola comportamentalista), na verdade entende Piaget que o florescer
do pensamento autônomo e lógico operatório é paralelo ao surgimento da
capacidade de estabelecer relações cooperativas. Quando os agrupamentos
operatórios surgem com as articulações das intuições, a criança torna-se
cada vez mais apta a agir cooperativamente.
No
entender de Piaget ser autônomo significa estar apto a cooperativamente
construir o sistema de regras morais e operatórias necessárias à
manutenção de relações permeadas pelo respeito mútuo.
Jean
Piaget caracterizava "Autonomia como a capacidade de coordenação de
diferentes perspectivas sociais com o pressuposto do respeito
recíproco". (Kesselring T. Jean Piaget. Petrópolis: Vozes,
1993:173-189).
Para
Piaget (1977), a constituição do princípio de autonomia se desenvolve
juntamente com o processo de desenvolvimento da autoconsciência. No
início, a inteligência está calcada em atividades motoras, centradas no
próprio indivíduo, numa relação egocêntrica de si para si mesmo. É a
consciência centrada no eu. Nessa fase a criança joga consigo mesma e
não precisa compartilhar com o outro. É o estado de anomia. A
consciência dorme, diz Piaget, ou é o indivíduo da não consciência. No
desenvolvimento e na complexificação das ações, o indivíduo reconhece a
existência do outro e passa a reconhecer a necessidade de regras, de
hierarquia, de autoridade. O controle está centrado no outro. O
indivíduo desloca o eixo de suas relações de si para o outro, numa
relação unilateral, no sentido então da heteronomia. A verdade e a
decisão estão centradas no outro, no adulto. Neste caso a regra é
exterior ao indivíduo e, por conseqüência, sagrada A consciência é
tomada emprestada do outro. Toda consciência da obrigação ou do caráter
necessário de uma regra supõe um sentimento de respeito à autoridade do
outro. Na autonomia, as leis e as regras são opções que o sujeito faz na
sua convivência social pela auto-determinação. Para Piaget, não é
possível uma autonomia intelectual sem uma autonomia moral, pois ambas
se sustentam no respeito mútuo, o qual, por sua vez, se sustenta no
respeito a si próprio e reconhecimento do outro como ele mesmo.
A
falta de consciência do eu e a consciência centrada na autoridade do
outro impossibilitam a cooperação, em relação ao comum pois este não
existe. A consciência centrada no outro anula a ação do indivíduo como
sujeito. O indivíduo submete-se às regras, e pratica-as em função do
outro. Segundo Piaget este estágio pode representar a passagem para o
nível da cooperação, quando, na relação, o indivíduo se depara com
condições de possibilidades de identificar o outro como ele mesmo e não
como si próprio. (PIAGET, Jean. Biologia e conhecimento. Porto: Rés
Editora, 1978).
"Na
medida em que os indivíduos decidem com igualdade - objetivamente ou
subjetivamente, pouco importa - , as pressões que exercem uns sobre os
outros se tornam colaterais. E as intervenções da razão, que Bovet tão
justamente observou, para explicar a autonomia adquirida pela moral,
dependem, precisamente, dessa cooperação progressiva. De fato, nossos
estudos têm mostrado que as normas racionais e, em particular, essa
norma tão importante que é a reciprocidade, não podem se desenvolver
senão na e pela cooperação. A razão tem necessidade da cooperação na
medida em que ser racional consiste em 'se' situar para submeter o
individual ao universal. O respeito mútuo aparece, portanto, como
condição necessária da autonomia, sobre o seu duplo aspecto intelectual e
moral. Do ponto de vista intelectual, liberta a criança das opiniões
impostas, em proveito da coerência interna e do controle recíproco. Do
ponto de vista moral, substitui as normas da autoridade pela norma
imanente à própria ação e à própria consciência, que é a reciprocidade
na simpatia." (Piaget, 1977:94). (PIAGET, Jean. O julgamento moral na
criança. Editora Mestre Jou. São Paulo, 1977).
Como
afirma Kamii, seguidora de Piaget, "A essência da autonomia é que as
crianças se tornam capazes de tomar decisões por elas mesmas. Autonomia
não é a mesma coisa que liberdade completa. Autonomia significa ser
capaz de considerar os fatores relevantes para decidir qual deve ser o
melhor caminho da ação. Não pode haver moralidade quando alguém
considera somente o seu ponto de vista. Se também consideramos o ponto
de vista das outras pessoas, veremos que não somos livres para mentir,
quebrar promessas ou agir irrefletidamente"(Kamii C. A criança e o
número. Campinas: Papirus).
Kamii
também coloca a autonomia em uma perspectiva de vida em grupo. Para
ela, a autonomia significa o indivíduo ser governado por si próprio. É o
contrário de heteronomia, que significa ser governado pelos outros. A
autonomia significa levar em consideração os fatores relevantes para
decidir agir da melhor forma para todos. Não pode haver moralidade
quando se considera apenas o próprio ponto de vista.
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/jean-piaget/jean-piaget-1.php#ixzz1yj8fFANL
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