Autores: Jon Talber / Ester de Cartago[1]
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timidez também se aprende, ela não nasce como parte integrante do ser. A
criança tímida aprendeu a ser assim. Trata-se de mais um comportamento
pré-fabricado, dentre tantos que existem para rotular os indivíduos,
lhes dar identidade. A timidez também se torna um identificador de
indivíduos, é a mesma coisa que outros rótulos, tais como, medroso, ou
corajoso, culto, popular, extrovertido, etc.
Um
indivíduo corajoso, apenas repete os gestos superficiais, alegóricos,
que caracterizam aquilo que chamamos de coragem. Assim coragem, ou
demonstração de bravura, são simples roteiros que se seguidos à risca,
tornam qualquer um medroso, ou corajoso, ou bondoso, não significando,
entretanto, que internamente, dentro de si, aquele indivíduo seja
qualquer uma dessas coisas. |
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Se,
para se fazer um bolo basta seguir um receituário, para ser medroso ou
corajoso, vale a mesma regra. É como um ator a representar seu papel
teatral daquele dia. Representando, fingindo, ele é capaz de se tornar
corajoso, ou extrovertido, ou covarde. Ele pode se tornar qualquer
personagem, sem, no entanto, ser nenhum deles de fato.
Para
entender a timidez, precisamos entender como se sente alguém tímido,
que fatores externos e depois internos, o levaram a interpretar, na vida
real, esse papel ingrato. Mais importante, no entanto, é compreendermos
porque existe este tipo de comportamento, esse modelo de personalidade,
que faz parte de um indivíduo, que às vezes o domina, que o controla e
dirige a sua vida, aparentemente, à revelia da sua vontade.
Sabemos
como nasce alguém tímido. Eles são criados a partir das comparações com
outrem. Afinal de contas, um tímido é alguém que sempre está em
desvantagem, seja em relação a um, seja em relação a muitos. Ele se
compara, não porque o deseje, mas porque já foi comparado antes, e logo
se sente inferior, é um sentimento de inferioridade, de incapacidade.
Logo sua auto-estima é baixa.
Criamos
o tímido quando louvamos qualidades nos filhos alheios, ou dos seus
colegas, ou dos seus irmãos, deixando claro que estas, a nossa criança,
aquela que é comparada, não possui. Um padrão de beleza que todos
desejam ter, que passa a valer como ingresso de aceitação social, como
um salvo conduto para merecer a atenção de um grupo, como um ingresso
para fazer parte desse grupo, cria ou acentua a sensação de insegurança,
própria do tímido. |
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Por
isso trabalho em grupo é tão importante, sendo essencial, no entanto,
que educadores e pais, criem na turma a ideia de igualdade. Isso se
consegue na delegação adequada das tarefas, onde, ninguém deverá receber
méritos diferenciados, ou ser elogiado por alguma particularidade.
Deve-se elogiar sim, não um autor, mas a qualidade do trabalho,
destacando-se as qualidades de cada um, sem classificar como menos ou
mais, mas como igualmente importantes quando postas em conjunto, como
resultado final. |
Ao educador resta o respeito à criança, só assim poderá ajudar.
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Compreender
a timidez, isto é, seu plano de atuação na formação da psique da
criança ou jovem, liberta o adulto inseguro, frustrado, violento e
insatisfeito que seria seu futuro. Não podemos menosprezar a sensação de
insegurança, que é quase uma regra entre os mais novos, assim como não
podemos menosprezar, o medo que tenham, por exemplo, de falar em
público. Isso apenas aumenta sua frustração e sensação de pequenez, que
por si mesmo já é grande, não precisando, portanto, de alguém para lhes
lembrar daquilo que já sabem ser.
Restaurar
a segurança, ou confiança perdida, de uma criança ou jovem, primeiro
começa pela compreensão, da parte do educador, de que aquele sentimento
merece atenção e consideração. E apenas assim, ao ganhar o respeito do
educador que se mostra solidário consigo, ela se mostrará disposta a
ouvir seus conselhos.
Compreender
então as diferenças, respeitá-las assim como o são, deve ser o primeiro
passo do educador que deseja ajudar. Mas só poderá ajudar se o outro o
permitir, e este só lhe dará acesso, se confiar em suas intenções. Isso
se comprova pelo comportamento, palavras e ações, e nunca com discursos,
por mais floridos que possam parecer. O tímido é mais observador que os
demais, está sempre atento, até como meio de se proteger dos ataques
que sempre acham virão de fora.
E
finalmente, não se cura a timidez com as comparações, isso apenas tende
a agravar o quadro. Comparar um tímido a alguém de comportamento não
retraído, é o mesmo que fazê-lo sentir-se culpado pelo fato de ser
inseguro, quando na verdade ele o aprendeu a ser. Aprendeu de forma
involuntária, à revelia de sua vontade, do seu consentimento, sem
direito à escolha. Lembre-se sempre de que, nós também aprendemos todos
os nossos desejos e manias, medos e vaidades, sejam desagradáveis ou
não, sem o nosso consentimento, se depois os rejeitamos ou aprovamos,
isso é outra história. |
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