BNCC na educação infantil: o guia completo das competências previstas
Após
a aprovação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em dezembro
de 2017, começaram as discussões visando a melhor forma de implementar
as novas diretrizes da BNCC na Educação Infantil de todo o país.
Nessa
etapa da Educação Básica, a BNCC define direitos de aprendizagem e os
campos de experiências substituem as áreas do conhecimento do Ensino
Fundamental. Em cada campo existem objetivos de aprendizado e desenvolvimento do aluno, em vez de unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades.
É
responsabilidade das escolas garantir que seus alunos receberão, em
sala de aula, as competências gerais estabelecidas pelo documento. Dessa
forma, o cenário educacional nacional se torna mais justo e igualitário
para todas as crianças.
Descubra o que é e quando a BNCC foi aprovada
A Base Nacional Comum Curricular é um documento que determina o conjunto
de competências gerais que todos os alunos devem desenvolver ao longo
da Educação Básica — que inclui a Educação Infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio.
Esse conhecimento pretende assegurar uma formação humana integral com
foco na construção de uma sociedade inclusiva, justa e democrática. Para
a primeira etapa da Educação Básica, a escola deve garantir seis
direitos de desenvolvimento e aprendizagem, de forma que todas as
crianças tenham oportunidades de aprender e se desenvolver.
Quando foi aprovada?
O primeiro texto sugerido no projeto foi discutido e elaborado em
conjunto com 116 especialistas em educação. A proposta foi aberta à
consulta pública até março de 2016, quando foi revisada.
Em maio do mesmo ano, a segunda versão do documento foi divulgada. Quase
um ano depois, em abril de 2017, a terceira e última versão foi
revelada e apresentada ao Conselho Nacional de Educação (CNE).
No mesmo ano, o CNE preparou audiências públicas em cinco regionais. O
objetivo era alcançar colaborações para a elaboração da norma
instituidora da BNCC. No dia 15 de dezembro, o projeto foi homologado e
seguiu para a aprovação do Ministério da Educação (MEC).
A resolução que orienta e institui a implementação da BNCC na Educação
Infantil e no Ensino Médio foi publicada no dia 22 de dezembro de 2017.
Qual é o prazo para implementação nas escolas?
Existe um comitê especial responsável por acompanhar a implantação da
nova base nas escolas públicas e privadas, que deverá ocorrer até o dia
31 de dezembro de 2020.
Até lá, o grupo de especialistas deve propor debates, discussões acerca
dos temas referentes aos desafios da implementação e nortear ações a
serem tomadas pelo governo para a concretização do novo currículo.
Entenda as principais mudanças da BNCC
A grande mudança proposta pela BNCC na Educação Infantil está na
definição de seis direitos fundamentais para as crianças de 0 a 5 anos:
- conviver;
- brincar;
- participar;
- explorar;
- expressar;
- conhecer-se.
Esses
pontos serão melhor definidos mais adiante. Além disso, outros tópicos
sofreram modificações e devem ser analisados para uma melhor aplicação
da BNCC na Educação Infantil.
Alfabetização até o segundo ano
Antes, a alfabetização era prevista até o terceiro ano. Hoje, a
estimativa é que se tenha alunos alfabetizados mais cedo. Essa medida
tem como objetivo deixar a educação mais igualitária. Dessa forma, todos
os alunos podem estar no mesmo nível básico de ensino.
Entretanto, o modelo ainda divide pais e professores. Quem não concorda
justifica que o processo de aprendizado varia de criança para criança.
Por isso, é importante resguardar o direito ao desenvolvimento natural
de aquisição do conhecimento.
Predileção às ciências exatas
A BNCC na Educação Infantil tende ao fortalecimento das ciências exatas
em relação às humanas. Isso acontece porque os alunos são mais
incentivados a estudar gráficos, tabelas e a criar bancos de dados.
Além disso, o ensino da história, por exemplo, passa a ser na ordem
cronológica dos fatos, em vez de ser apresentado como processos sociais
interconectados. O ensino religioso, por sua vez, deixou de ser
obrigatório e tornou-se optativo. Nesse contexto, cada escola pode
escolher inseri-lo ou não em seus currículos.
Questões de gênero
Discussões acerca de temas como orientação sexual e identidade de gênero
foram excluídas do currículo. Mesmo com a retirada dessas pautas, o MEC
ainda se mostra aberto a debates acerca da alteridade e das
pluralidades identitárias.
Mudança conceitual
Os campos de experiências da BNCC promovem uma mudança conceitual no
currículo da Educação Infantil. Para a nova base, a criança não é mais
apenas uma receptora das mensagens transmitidas pelos adultos, mas
também é capaz de produzir cultura.
Nesse sentido, as propostas são a base estrutural pedagógica que devem
guiar as escolas com os fundamentos necessários para cada etapa. Assim, a
organização curricular está estruturada em cinco campos de experiência,
que se baseiam nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (DCNEI).
O eu, o outro e o nós
O convívio com outras pessoas faz as crianças constituírem uma maneira
própria de agir, pensar e sentir. Elas passam a entender que existem
outros modos de vida e pontos de vista diferentes.
Ao mesmo tempo, elas podem construir sua autonomia e senso de
reciprocidade, autocuidado e interdependência com o meio. Dessa forma, o
ideal é criar oportunidades para que os pequenos entrem em contato com
outros grupos sociais e culturais.
Durante essas experiências, elas podem desenvolver a forma de perceber a
si mesmas e ao outro. Assim, passam a valorizar a sua própria
identidade sem desrespeitar os outros e reconhecendo as diferenças que
nos representam como seres humanos.
Corpo, gestos e movimentos
Desde cedo, as crianças conseguem explorar o mundo, o espaço e os
objetos por meio do corpo, com os sentidos, gestos e movimentos. Assim,
elas estabelecem relações, brincam, se expressam e produzem
conhecimentos sobre si, sobre o outro e sobre o universo cultural e
social.
Por meio das diferentes formas de expressão, como a dança, a música, o
teatro e as brincadeiras de faz de conta, elas se expressam e se
comunicam tanto com a linguagem quanto com o corpo e com as emoções.
Nesse campo de experiência, o corpo da criança ganha centralidade.
Assim, a escola deve promover oportunidades para que ela possa explorar e
vivenciar um amplo espectro de possibilidades.
Traços, sons, cores e formas
As crianças podem vivenciar experiências diversificadas, além de várias
formas de linguagens e expressões, por meio do contato com diferentes
manifestações culturais, artísticas e científicas no cotidiano da
escola.
Essas experiências colaboram para que, desde muito cedo, os pequenos
desenvolvam senso crítico e estético. Além disso, elas aprimoram o
conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade na qual estão
inseridas.
Assim, a Educação Infantil precisa possibilitar a participação das
crianças em produções que envolvem música, dança, teatro, artes visuais e
audiovisual. O objetivo é favorecer o desenvolvimento da criatividade,
da sensibilidade e da expressão pessoal.
Escuta, fala, pensamento e imaginação
Durante a Educação Infantil, é necessário estimular os pequenos a ouvir e
a falar, por meio de experiências que potencializam sua participação na
cultura oral.
É escutando histórias, participando de conversas e ouvindo narrativas em
múltiplas linguagens que a criança se estabelece ativamente como
sujeito singular e pertencente a um grupo social.
O contato com a literatura infantil proposto e mediado pelo educador
contribui para o desenvolvimento do gosto pela leitura, além de
estimular a imaginação e ampliar o conhecimento de mundo. Ainda nesse
sentido, a imersão na cultura escrita deve partir das curiosidades e dos
conhecimentos prévios.
O contato com fábulas, contos, histórias e poemas, entre outros, também
propicia a familiaridade com os livros e com os diferentes gêneros
literários. Nesse convívio, as crianças vão desenvolvendo hipóteses
sobre a escrita, que se apresentam, inicialmente, em forma de rabiscos.
Isso faz com que elas, aos poucos, conheçam as letras do alfabeto, mesmo
que em caligrafias não convencionais e espontâneas. Porém, isso já
indica sua compreensão da escrita como forma de comunicação e
representação da língua.
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
As crianças estão inseridas em tempos e espaços de dimensões diferentes e
sempre procuram se situar, seja em casas, ruas e bairros ou em entender
o que é noite, dia, hoje ou ontem.
Elas também demonstram curiosidades sobre o mundo físico, como seu
próprio corpo, os animais, as plantas, os fenômenos climáticos e as
transformações da natureza. O mesmo ocorre com o mundo sociocultural e a
busca para entender as relações sociais e de parentesco entre as
pessoas conhecidas.
Portanto, a Educação Infantil deve fornecer experiências nas quais as
crianças façam suas próprias observações, manipulem objetos, investiguem
e explorem seu entorno, levantem hipóteses e consultem fontes de
informação para buscar respostas às suas curiosidades.
Veja qual é o papel dos professores na BNCC
O professor é o principal agente de aplicação da BNCC na Educação
Infantil. Os profissionais encontrarão uma série de desafios e deverão
aprender a desenvolver as competências do aluno, além de colocar a
pedagogia diferenciada em prática e garantir todos os direitos de
aprendizagem.
Para isso, o primeiro passo é capacitar os docentes. Sem a formação
continuada, a BNCC não será concretizada. Porém, algumas questões ainda
precisam ser respondidas, entre elas: como preparar os professores? Como
fazer a implementação de forma igualitária?
Se quem está ensinando não souber sobre o que está falando, não será
possível transmitir o conhecimento de forma correta para os alunos. Como
existem profissionais em fase inicial e outros com anos de carreira, a
melhor maneira de falar com pessoas tão distintas é mapeando as
dificuldades individuais.
A formação dos docentes precisa estar atenta às demandas do século XXI e
às necessidades dos alunos. Isso corresponde a receber uma formação
contextualizada e que prioriza o protagonismo estudantil.
Atualmente, o professor não é mais apenas aquele que leciona. É
importante saber dialogar com o aluno que, por sua vez, também ensina
enquanto aprende. Assim, ele se torna corresponsável por um processo em
que todos se beneficiam.
Dessa forma, a formação dos professores voltada inteiramente para as
aulas expositivas deve ser aposentada. Nesse contexto, o foco deve ser
na aprendizagem por meio de experiências práticas, pesquisas e pelo
envolvimento com a família.
Para o mediador entrar em cena, ou seja, aquele que mostra caminhos,
auxilia e orienta, deixando que o aluno trilhe a sua própria via na
construção do conhecimento, é preciso que o professor na educação
infantil se reinvente.
O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) elaborou um
documento que orienta para o aprimoramento das políticas voltadas à
formação continuada de professores, visando a implementação dos
currículos adaptados à BNCC.
Para tal fim, é necessário entender quais são as reais necessidades dos
educadores e como eles já estão contribuindo para a nova formação das
crianças.
Conheça e saiba como desenvolver as competências previstas na BNCC
A BNCC definiu 10 competências gerais que são associações de
conhecimentos de acordo com os princípios estéticos, políticos e éticos,
com o objetivo de promover a formação humana em suas múltiplas
dimensões.
Com isso, o ensino passa a perpetuar uma comunicação integral,
mobilizando conhecimentos, valores, atitudes e habilidades para
preencher as demandas do cotidiano. Assim, o crescimento do aluno como
cidadão é incentivado.
Conheça cada uma das competências previstas e entenda como elas podem ser desenvolvidas nas escolas.
Conhecimento
Visa valorizar e utilizar o entendimento sobre o mundo físico, digital,
social e cultural. Assim, é possível entender e explicar a realidade,
além de continuar aprendendo e contribuindo com a sociedade.
Como incentivo ao desenvolvimento dessa competência, a escola pode
incentivar a curiosidade, a vontade de aprender e relacionar o
conhecimento com aplicações práticas.
Pensamento científico, crítico e criativo
Se refere a exercitar a curiosidade intelectual e a usar as ciências com
criatividade e criticidade para averiguar causas, preparar e testar
hipóteses, formular problemas e desenvolver soluções.
O foco do incentivo, aqui, está na mobilização para conquistar novas
habilidades e desenvolver o processo cognitivo, como a memória, a
atenção, a percepção e o raciocínio. Assim, o aluno investiga sobre o
assunto e apresenta soluções com o conhecimento adquirido.
Repertório cultural
Essa competência objetiva valorizar as diversas manifestações culturais e
artísticas para aproveitar e participar de práticas variadas dessas
produções.
As escolas devem, então, promover uma maior consciência multicultural,
com incentivo à experimentação e à curiosidade. Dessa maneira, o aluno
pode se expressar com a arte, compreender sua identidade e desenvolver
senso de pertencimento.
Comunicação
Permite usar diferentes linguagens para expressar e partilhar
informações, ideias, experiências e sentimentos. A partir dessa
competência, o aluno é capaz de produzir sentidos que levam ao
entendimento mútuo.
Para isso, é importante promover o domínio de diferentes conjuntos da
comunicação, da linguagem e do letramento, promovendo momentos de escuta
e de fala, de forma que a criança se manifeste com interesse, respeito e
curiosidade.
Cultura digital
Se refere a compreender, criar e utilizar tecnologias digitais de
maneira crítica, significativa e ética. Assim, é possível que o aluno se
comunique, acesse e produza informações e conhecimentos, resolva
problemas e exerça seu protagonismo.
Nesse sentido, cabe à escola promover o contato com ferramentas
digitais, linguagens de programação e produção multimídia. É importante
que tudo seja feito de forma ética.
Trabalho e Projeto de Vida
A sexta competência pretende que o aluno aprenda a valorizar e a
apropriar-se de experiências e conhecimentos para compreender o mundo do
trabalho e tomar decisões mais alinhadas à cidadania e ao seu projeto
de vida.
Tudo isso com criticidade, liberdade, autonomia e responsabilidade. O
incentivo dessa habilidade inclui permitir a compreensão sobre o valor
do esforço e desenvolver capacidades como autoavaliação e determinação.
Argumentação
Aprender a argumentar com base em dados, fatos e informações confiáveis é
fundamental para a vida social. Isso permite formular, negociar e
defender pontos de vista, ideias e decisões comuns.
A escola pode conscientizar sobre modos de expressão e incentivar o
reconhecimento de pontos de vista diferentes, por meio de debates e
rodas de conversa. Sempre com base nos direitos humanos, consumo
responsável, consciência socioambiental e ética.
Autoconhecimento e autocuidado
O oitavo ponto é referente a conhecer-se e compreender-se na
grande diversidade humana e, a partir do seu entendimento como
indivíduo, aprender a apreciar a si mesmo.
O objetivo é gostar de cuidar da própria saúde física e emocional,
reconhecendo suas emoções e as dos outros, mantendo a autocrítica.
O incentivo vem do reconhecimento dos sentimentos e das emoções e como
eles influenciam em suas atitudes. O ambiente escolar precisa
desenvolver as habilidades emocionais individuais para formar cidadãos
mais equilibrados e seguros.
Empatia e cooperação
O exercício da empatia, do diálogo, da cooperação e da resolução de
conflitos serve para propagar o respeito e promover o apreço ao outro e
aos direitos humanos. Tudo isso deve ocorrer com o acolhimento e com a
valorização da diversidade, sem qualquer tipo de preconceito.
A escola deve, então, incentivar o diálogo e a atuação do interlocutor
como mediador de conflitos e acolhedor da perspectiva do outro, sempre
se colocando no lugar do colega.
Responsabilidade e cidadania
A última competência se refere a como agir pessoal e coletivamente com
responsabilidade, autonomia, resiliência, flexibilidade e determinação,
para tomar decisões com base em princípios democráticos,
éticos, inclusivos, solidários e sustentáveis.
A sala de aula pode ser um ambiente que expõe problemas atuais e promove
a participação ativa na avaliação e resolução dessas questões,
considerando desafios como interesses individuais e valores
conflitantes.
Saiba como garantir os direitos de aprendizagem em seus alunos
Outro
grande desafio para as escolas é efetivar cada um dos seis direitos de
aprendizagem definidos pela BNCC na Educação Infantil. Entenda, a
seguir, o que diz cada um deles e como o educador pode trabalhar em sala de aula.
Conviver
Direito de conviver com outros indivíduos, em pequenos e grandes grupos,
usando diferentes linguagens e aumentando o conhecimento de si e do
outro. É importante manter o respeito em relação às diferenças pessoais e
culturais.
Para isso, a escola pode oferecer situações em que as crianças consigam
interagir e brincar com os colegas. Jogos, por exemplo, promovem
oportunidades de convívio nas quais é necessário respeitar regras.
Brincar
Brincar diariamente, em diferentes formas, espaços e tempos, com vários
companheiros, amplia e diversifica o acesso dos pequenos às produções
culturais.
Além disso, as brincadeiras desenvolvem a imaginação, os conhecimentos, a
criatividade, as experiências corporais, sociais, emocionais,
sensoriais, cognitivas e relacionais.
Para garantir esse direito, as recreações devem estar presentes na
rotina da criança. Elas precisam ser variadas e planejadas, acontecendo
em espaços abertos e fechados, em pequenos e grandes grupos, assim por
diante.
Dessa forma, os alunos também constroem a autonomia e escolhem
suas atividades favoritas, criam as próprias regras, inventam desafios e
brincam livremente.
Participar
A BNCC diz que é importante para o aluno participar ativamente, com
outras crianças e outros adultos, tanto do planejamento da gestão
escolar e das atividades de aprendizado infantil sugeridas pelo
professor quanto da realização das ações da vida cotidiana.
Isso inclui envolver-se com a escolha dos materiais, das brincadeiras e
dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e produzindo
conhecimento, se posicionando e tomando decisões.
Uma boa forma de garantir esse direito é propondo a construção de
casinhas de brinquedo. O educador pode planejar como ela será montada,
separar os materiais e pedir para os alunos que a construam. Isso
permite que eles decidam a estrutura, a cor, e assim por diante.
Explorar
Explorar gestos, movimentos, formas, sons, texturas, palavras, cores,
transformações, histórias, relacionamentos, emoções, elementos da
natureza e objetos, dentro e fora da escola, amplia os saberes sobre a
cultura.
Isso ocorre em suas diferentes modalidades: na escrita, nas artes,
na tecnologia e na ciência. Para isso, é essencial permitir que os
pequenos explorem os materiais sozinhos.
Expressar
A BNCC na Educação Infantil diz que a criança tem o direito de
expressar, como sujeito criativo, dialógico e sensível, suas emoções,
necessidades, dúvidas, sentimentos, descobertas, hipóteses,
questionamentos e opiniões — novamente, por meio de diferentes
linguagens.
Assim, a escola pode promover momentos de fala em rodas de conversa para
que os pequenos tenham esse direito garantido. Outra opção é criar
assembleias e conselhos em que eles possam votar e argumentar sobre
decisões que afetam o coletivo.
Conhecer-se
Conhecer-se e construir sua identidade social, cultural e pessoal,
criando uma imagem positiva de si e de seu grupo de pertencimento, nas
diversas experiências e interações vivenciadas dentro e fora do ambiente
escolar.
Boa parte das práticas ajudam a garantir esse direito, mas novas ações
estratégicas podem ser pensadas. Para os bebês, por exemplo, é possível
deixá-los em frente a espelhos para que se observem.
Conclusão
Como é possível perceber, é muito importante que a escola vá além dos
conteúdos básicos e efetive uma proposta voltada para uma formação
humana com cidadania e ética. Para isso, é necessário adaptar e inserir
temas conectados às necessidades da sociedade atual no contexto
educacional.
Os impactos da BNCC na Educação Infantil serão profundos e positivos,
especialmente no que diz respeito à normalização dos assuntos
ministrados. Dessa forma, o ensino tende a se tornar mais humanizado e
mais relacionado com as demandas das gerações atuais.
BNCC na educação infantil: o guia completo das competências previstas
Após
a aprovação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em dezembro
de 2017, começaram as discussões visando a melhor forma de implementar
as novas diretrizes da BNCC na Educação Infantil de todo o país.
Nessa
etapa da Educação Básica, a BNCC define direitos de aprendizagem e os
campos de experiências substituem as áreas do conhecimento do Ensino
Fundamental. Em cada campo existem objetivos de aprendizado e desenvolvimento do aluno, em vez de unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades.
É
responsabilidade das escolas garantir que seus alunos receberão, em
sala de aula, as competências gerais estabelecidas pelo documento. Dessa
forma, o cenário educacional nacional se torna mais justo e igualitário
para todas as crianças.
Descubra o que é e quando a BNCC foi aprovada
A Base Nacional Comum Curricular é um documento que determina o conjunto
de competências gerais que todos os alunos devem desenvolver ao longo
da Educação Básica — que inclui a Educação Infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio.
Esse conhecimento pretende assegurar uma formação humana integral com
foco na construção de uma sociedade inclusiva, justa e democrática. Para
a primeira etapa da Educação Básica, a escola deve garantir seis
direitos de desenvolvimento e aprendizagem, de forma que todas as
crianças tenham oportunidades de aprender e se desenvolver.
Quando foi aprovada?
O primeiro texto sugerido no projeto foi discutido e elaborado em
conjunto com 116 especialistas em educação. A proposta foi aberta à
consulta pública até março de 2016, quando foi revisada.
Em maio do mesmo ano, a segunda versão do documento foi divulgada. Quase
um ano depois, em abril de 2017, a terceira e última versão foi
revelada e apresentada ao Conselho Nacional de Educação (CNE).
No mesmo ano, o CNE preparou audiências públicas em cinco regionais. O
objetivo era alcançar colaborações para a elaboração da norma
instituidora da BNCC. No dia 15 de dezembro, o projeto foi homologado e
seguiu para a aprovação do Ministério da Educação (MEC).
A resolução que orienta e institui a implementação da BNCC na Educação
Infantil e no Ensino Médio foi publicada no dia 22 de dezembro de 2017.
Qual é o prazo para implementação nas escolas?
Existe um comitê especial responsável por acompanhar a implantação da
nova base nas escolas públicas e privadas, que deverá ocorrer até o dia
31 de dezembro de 2020.
Até lá, o grupo de especialistas deve propor debates, discussões acerca
dos temas referentes aos desafios da implementação e nortear ações a
serem tomadas pelo governo para a concretização do novo currículo.
Entenda as principais mudanças da BNCC
A grande mudança proposta pela BNCC na Educação Infantil está na
definição de seis direitos fundamentais para as crianças de 0 a 5 anos:
- conviver;
- brincar;
- participar;
- explorar;
- expressar;
- conhecer-se.
Esses
pontos serão melhor definidos mais adiante. Além disso, outros tópicos
sofreram modificações e devem ser analisados para uma melhor aplicação
da BNCC na Educação Infantil.
Alfabetização até o segundo ano
Antes, a alfabetização era prevista até o terceiro ano. Hoje, a
estimativa é que se tenha alunos alfabetizados mais cedo. Essa medida
tem como objetivo deixar a educação mais igualitária. Dessa forma, todos
os alunos podem estar no mesmo nível básico de ensino.
Entretanto, o modelo ainda divide pais e professores. Quem não concorda
justifica que o processo de aprendizado varia de criança para criança.
Por isso, é importante resguardar o direito ao desenvolvimento natural
de aquisição do conhecimento.
Predileção às ciências exatas
A BNCC na Educação Infantil tende ao fortalecimento das ciências exatas
em relação às humanas. Isso acontece porque os alunos são mais
incentivados a estudar gráficos, tabelas e a criar bancos de dados.
Além disso, o ensino da história, por exemplo, passa a ser na ordem
cronológica dos fatos, em vez de ser apresentado como processos sociais
interconectados. O ensino religioso, por sua vez, deixou de ser
obrigatório e tornou-se optativo. Nesse contexto, cada escola pode
escolher inseri-lo ou não em seus currículos.
Questões de gênero
Discussões acerca de temas como orientação sexual e identidade de gênero
foram excluídas do currículo. Mesmo com a retirada dessas pautas, o MEC
ainda se mostra aberto a debates acerca da alteridade e das
pluralidades identitárias.
Mudança conceitual
Os campos de experiências da BNCC promovem uma mudança conceitual no
currículo da Educação Infantil. Para a nova base, a criança não é mais
apenas uma receptora das mensagens transmitidas pelos adultos, mas
também é capaz de produzir cultura.
Nesse sentido, as propostas são a base estrutural pedagógica que devem
guiar as escolas com os fundamentos necessários para cada etapa. Assim, a
organização curricular está estruturada em cinco campos de experiência,
que se baseiam nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (DCNEI).
O eu, o outro e o nós
O convívio com outras pessoas faz as crianças constituírem uma maneira
própria de agir, pensar e sentir. Elas passam a entender que existem
outros modos de vida e pontos de vista diferentes.
Ao mesmo tempo, elas podem construir sua autonomia e senso de
reciprocidade, autocuidado e interdependência com o meio. Dessa forma, o
ideal é criar oportunidades para que os pequenos entrem em contato com
outros grupos sociais e culturais.
Durante essas experiências, elas podem desenvolver a forma de perceber a
si mesmas e ao outro. Assim, passam a valorizar a sua própria
identidade sem desrespeitar os outros e reconhecendo as diferenças que
nos representam como seres humanos.
Corpo, gestos e movimentos
Desde cedo, as crianças conseguem explorar o mundo, o espaço e os
objetos por meio do corpo, com os sentidos, gestos e movimentos. Assim,
elas estabelecem relações, brincam, se expressam e produzem
conhecimentos sobre si, sobre o outro e sobre o universo cultural e
social.
Por meio das diferentes formas de expressão, como a dança, a música, o
teatro e as brincadeiras de faz de conta, elas se expressam e se
comunicam tanto com a linguagem quanto com o corpo e com as emoções.
Nesse campo de experiência, o corpo da criança ganha centralidade.
Assim, a escola deve promover oportunidades para que ela possa explorar e
vivenciar um amplo espectro de possibilidades.
Traços, sons, cores e formas
As crianças podem vivenciar experiências diversificadas, além de várias
formas de linguagens e expressões, por meio do contato com diferentes
manifestações culturais, artísticas e científicas no cotidiano da
escola.
Essas experiências colaboram para que, desde muito cedo, os pequenos
desenvolvam senso crítico e estético. Além disso, elas aprimoram o
conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade na qual estão
inseridas.
Assim, a Educação Infantil precisa possibilitar a participação das
crianças em produções que envolvem música, dança, teatro, artes visuais e
audiovisual. O objetivo é favorecer o desenvolvimento da criatividade,
da sensibilidade e da expressão pessoal.
Escuta, fala, pensamento e imaginação
Durante a Educação Infantil, é necessário estimular os pequenos a ouvir e
a falar, por meio de experiências que potencializam sua participação na
cultura oral.
É escutando histórias, participando de conversas e ouvindo narrativas em
múltiplas linguagens que a criança se estabelece ativamente como
sujeito singular e pertencente a um grupo social.
O contato com a literatura infantil proposto e mediado pelo educador
contribui para o desenvolvimento do gosto pela leitura, além de
estimular a imaginação e ampliar o conhecimento de mundo. Ainda nesse
sentido, a imersão na cultura escrita deve partir das curiosidades e dos
conhecimentos prévios.
O contato com fábulas, contos, histórias e poemas, entre outros, também
propicia a familiaridade com os livros e com os diferentes gêneros
literários. Nesse convívio, as crianças vão desenvolvendo hipóteses
sobre a escrita, que se apresentam, inicialmente, em forma de rabiscos.
Isso faz com que elas, aos poucos, conheçam as letras do alfabeto, mesmo
que em caligrafias não convencionais e espontâneas. Porém, isso já
indica sua compreensão da escrita como forma de comunicação e
representação da língua.
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
As crianças estão inseridas em tempos e espaços de dimensões diferentes e
sempre procuram se situar, seja em casas, ruas e bairros ou em entender
o que é noite, dia, hoje ou ontem.
Elas também demonstram curiosidades sobre o mundo físico, como seu
próprio corpo, os animais, as plantas, os fenômenos climáticos e as
transformações da natureza. O mesmo ocorre com o mundo sociocultural e a
busca para entender as relações sociais e de parentesco entre as
pessoas conhecidas.
Portanto, a Educação Infantil deve fornecer experiências nas quais as
crianças façam suas próprias observações, manipulem objetos, investiguem
e explorem seu entorno, levantem hipóteses e consultem fontes de
informação para buscar respostas às suas curiosidades.
Veja qual é o papel dos professores na BNCC
O professor é o principal agente de aplicação da BNCC na Educação
Infantil. Os profissionais encontrarão uma série de desafios e deverão
aprender a desenvolver as competências do aluno, além de colocar a
pedagogia diferenciada em prática e garantir todos os direitos de
aprendizagem.
Para isso, o primeiro passo é capacitar os docentes. Sem a formação
continuada, a BNCC não será concretizada. Porém, algumas questões ainda
precisam ser respondidas, entre elas: como preparar os professores? Como
fazer a implementação de forma igualitária?
Se quem está ensinando não souber sobre o que está falando, não será
possível transmitir o conhecimento de forma correta para os alunos. Como
existem profissionais em fase inicial e outros com anos de carreira, a
melhor maneira de falar com pessoas tão distintas é mapeando as
dificuldades individuais.
A formação dos docentes precisa estar atenta às demandas do século XXI e
às necessidades dos alunos. Isso corresponde a receber uma formação
contextualizada e que prioriza o protagonismo estudantil.
Atualmente, o professor não é mais apenas aquele que leciona. É
importante saber dialogar com o aluno que, por sua vez, também ensina
enquanto aprende. Assim, ele se torna corresponsável por um processo em
que todos se beneficiam.
Dessa forma, a formação dos professores voltada inteiramente para as
aulas expositivas deve ser aposentada. Nesse contexto, o foco deve ser
na aprendizagem por meio de experiências práticas, pesquisas e pelo
envolvimento com a família.
Para o mediador entrar em cena, ou seja, aquele que mostra caminhos,
auxilia e orienta, deixando que o aluno trilhe a sua própria via na
construção do conhecimento, é preciso que o professor na educação
infantil se reinvente.
O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) elaborou um
documento que orienta para o aprimoramento das políticas voltadas à
formação continuada de professores, visando a implementação dos
currículos adaptados à BNCC.
Para tal fim, é necessário entender quais são as reais necessidades dos
educadores e como eles já estão contribuindo para a nova formação das
crianças.
Conheça e saiba como desenvolver as competências previstas na BNCC
A BNCC definiu 10 competências gerais que são associações de
conhecimentos de acordo com os princípios estéticos, políticos e éticos,
com o objetivo de promover a formação humana em suas múltiplas
dimensões.
Com isso, o ensino passa a perpetuar uma comunicação integral,
mobilizando conhecimentos, valores, atitudes e habilidades para
preencher as demandas do cotidiano. Assim, o crescimento do aluno como
cidadão é incentivado.
Conheça cada uma das competências previstas e entenda como elas podem ser desenvolvidas nas escolas.
Conhecimento
Visa valorizar e utilizar o entendimento sobre o mundo físico, digital,
social e cultural. Assim, é possível entender e explicar a realidade,
além de continuar aprendendo e contribuindo com a sociedade.
Como incentivo ao desenvolvimento dessa competência, a escola pode
incentivar a curiosidade, a vontade de aprender e relacionar o
conhecimento com aplicações práticas.
Pensamento científico, crítico e criativo
Se refere a exercitar a curiosidade intelectual e a usar as ciências com
criatividade e criticidade para averiguar causas, preparar e testar
hipóteses, formular problemas e desenvolver soluções.
O foco do incentivo, aqui, está na mobilização para conquistar novas
habilidades e desenvolver o processo cognitivo, como a memória, a
atenção, a percepção e o raciocínio. Assim, o aluno investiga sobre o
assunto e apresenta soluções com o conhecimento adquirido.
Repertório cultural
Essa competência objetiva valorizar as diversas manifestações culturais e
artísticas para aproveitar e participar de práticas variadas dessas
produções.
As escolas devem, então, promover uma maior consciência multicultural,
com incentivo à experimentação e à curiosidade. Dessa maneira, o aluno
pode se expressar com a arte, compreender sua identidade e desenvolver
senso de pertencimento.
Comunicação
Permite usar diferentes linguagens para expressar e partilhar
informações, ideias, experiências e sentimentos. A partir dessa
competência, o aluno é capaz de produzir sentidos que levam ao
entendimento mútuo.
Para isso, é importante promover o domínio de diferentes conjuntos da
comunicação, da linguagem e do letramento, promovendo momentos de escuta
e de fala, de forma que a criança se manifeste com interesse, respeito e
curiosidade.
Cultura digital
Se refere a compreender, criar e utilizar tecnologias digitais de
maneira crítica, significativa e ética. Assim, é possível que o aluno se
comunique, acesse e produza informações e conhecimentos, resolva
problemas e exerça seu protagonismo.
Nesse sentido, cabe à escola promover o contato com ferramentas
digitais, linguagens de programação e produção multimídia. É importante
que tudo seja feito de forma ética.
Trabalho e Projeto de Vida
A sexta competência pretende que o aluno aprenda a valorizar e a
apropriar-se de experiências e conhecimentos para compreender o mundo do
trabalho e tomar decisões mais alinhadas à cidadania e ao seu projeto
de vida.
Tudo isso com criticidade, liberdade, autonomia e responsabilidade. O
incentivo dessa habilidade inclui permitir a compreensão sobre o valor
do esforço e desenvolver capacidades como autoavaliação e determinação.
Argumentação
Aprender a argumentar com base em dados, fatos e informações confiáveis é
fundamental para a vida social. Isso permite formular, negociar e
defender pontos de vista, ideias e decisões comuns.
A escola pode conscientizar sobre modos de expressão e incentivar o
reconhecimento de pontos de vista diferentes, por meio de debates e
rodas de conversa. Sempre com base nos direitos humanos, consumo
responsável, consciência socioambiental e ética.
Autoconhecimento e autocuidado
O oitavo ponto é referente a conhecer-se e compreender-se na
grande diversidade humana e, a partir do seu entendimento como
indivíduo, aprender a apreciar a si mesmo.
O objetivo é gostar de cuidar da própria saúde física e emocional,
reconhecendo suas emoções e as dos outros, mantendo a autocrítica.
O incentivo vem do reconhecimento dos sentimentos e das emoções e como
eles influenciam em suas atitudes. O ambiente escolar precisa
desenvolver as habilidades emocionais individuais para formar cidadãos
mais equilibrados e seguros.
Empatia e cooperação
O exercício da empatia, do diálogo, da cooperação e da resolução de
conflitos serve para propagar o respeito e promover o apreço ao outro e
aos direitos humanos. Tudo isso deve ocorrer com o acolhimento e com a
valorização da diversidade, sem qualquer tipo de preconceito.
A escola deve, então, incentivar o diálogo e a atuação do interlocutor
como mediador de conflitos e acolhedor da perspectiva do outro, sempre
se colocando no lugar do colega.
Responsabilidade e cidadania
A última competência se refere a como agir pessoal e coletivamente com
responsabilidade, autonomia, resiliência, flexibilidade e determinação,
para tomar decisões com base em princípios democráticos,
éticos, inclusivos, solidários e sustentáveis.
A sala de aula pode ser um ambiente que expõe problemas atuais e promove
a participação ativa na avaliação e resolução dessas questões,
considerando desafios como interesses individuais e valores
conflitantes.
Saiba como garantir os direitos de aprendizagem em seus alunos
Outro
grande desafio para as escolas é efetivar cada um dos seis direitos de
aprendizagem definidos pela BNCC na Educação Infantil. Entenda, a
seguir, o que diz cada um deles e como o educador pode trabalhar em sala de aula.
Conviver
Direito de conviver com outros indivíduos, em pequenos e grandes grupos,
usando diferentes linguagens e aumentando o conhecimento de si e do
outro. É importante manter o respeito em relação às diferenças pessoais e
culturais.
Para isso, a escola pode oferecer situações em que as crianças consigam
interagir e brincar com os colegas. Jogos, por exemplo, promovem
oportunidades de convívio nas quais é necessário respeitar regras.
Brincar
Brincar diariamente, em diferentes formas, espaços e tempos, com vários
companheiros, amplia e diversifica o acesso dos pequenos às produções
culturais.
Além disso, as brincadeiras desenvolvem a imaginação, os conhecimentos, a
criatividade, as experiências corporais, sociais, emocionais,
sensoriais, cognitivas e relacionais.
Para garantir esse direito, as recreações devem estar presentes na
rotina da criança. Elas precisam ser variadas e planejadas, acontecendo
em espaços abertos e fechados, em pequenos e grandes grupos, assim por
diante.
Dessa forma, os alunos também constroem a autonomia e escolhem
suas atividades favoritas, criam as próprias regras, inventam desafios e
brincam livremente.
Participar
A BNCC diz que é importante para o aluno participar ativamente, com
outras crianças e outros adultos, tanto do planejamento da gestão
escolar e das atividades de aprendizado infantil sugeridas pelo
professor quanto da realização das ações da vida cotidiana.
Isso inclui envolver-se com a escolha dos materiais, das brincadeiras e
dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e produzindo
conhecimento, se posicionando e tomando decisões.
Uma boa forma de garantir esse direito é propondo a construção de
casinhas de brinquedo. O educador pode planejar como ela será montada,
separar os materiais e pedir para os alunos que a construam. Isso
permite que eles decidam a estrutura, a cor, e assim por diante.
Explorar
Explorar gestos, movimentos, formas, sons, texturas, palavras, cores,
transformações, histórias, relacionamentos, emoções, elementos da
natureza e objetos, dentro e fora da escola, amplia os saberes sobre a
cultura.
Isso ocorre em suas diferentes modalidades: na escrita, nas artes,
na tecnologia e na ciência. Para isso, é essencial permitir que os
pequenos explorem os materiais sozinhos.
Expressar
A BNCC na Educação Infantil diz que a criança tem o direito de
expressar, como sujeito criativo, dialógico e sensível, suas emoções,
necessidades, dúvidas, sentimentos, descobertas, hipóteses,
questionamentos e opiniões — novamente, por meio de diferentes
linguagens.
Assim, a escola pode promover momentos de fala em rodas de conversa para
que os pequenos tenham esse direito garantido. Outra opção é criar
assembleias e conselhos em que eles possam votar e argumentar sobre
decisões que afetam o coletivo.
Conhecer-se
Conhecer-se e construir sua identidade social, cultural e pessoal,
criando uma imagem positiva de si e de seu grupo de pertencimento, nas
diversas experiências e interações vivenciadas dentro e fora do ambiente
escolar.
Boa parte das práticas ajudam a garantir esse direito, mas novas ações
estratégicas podem ser pensadas. Para os bebês, por exemplo, é possível
deixá-los em frente a espelhos para que se observem.
Conclusão
Como é possível perceber, é muito importante que a escola vá além dos
conteúdos básicos e efetive uma proposta voltada para uma formação
humana com cidadania e ética. Para isso, é necessário adaptar e inserir
temas conectados às necessidades da sociedade atual no contexto
educacional.
Os impactos da BNCC na Educação Infantil serão profundos e positivos,
especialmente no que diz respeito à normalização dos assuntos
ministrados. Dessa forma, o ensino tende a se tornar mais humanizado e
mais relacionado com as demandas das gerações atuais.
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