Entre as atividades da didática da alfabetização,
há duas que todo professor - mesmo um iniciante - pode lançar mão
imediatamente: a primeira é ler todos os dias para as crianças. A
segunda é deixá-las escrever. Vejo a presença de livros e as práticas de
leitura mais consolidadas em nossas escolas. As de escrita, ainda não.
Pensando nisso e tendo a
sala de aula como inspiração, viajei de volta a 1999. Lembrei de uma
proposta na pré-escola em que atuei como coordenadora. Entre os espaços
de atividades diversificadas na sala, montamos o cantinho da escrita.
Era simples: uma mesinha com letras móveis, todo tipo de caneta, máquina
de escrever, envelopes, papéis de carta, folhas grandes, lápis pretos -
enfim, tudo para ser um lugar em que os pequenos tivessem vontade de
escrever.
Vovó Lelena, eu posso ir na sua casa?" é o pedido de Maria Eduarda |
E que vontade! As
crianças escreviam livremente, de acordo com suas hipóteses sobre o
sistema de escrita. Também trocavam ideias e conversavam sobre as
grafias mais adequadas. A professora passava e fazia intervenções: "Para
quem você vai escrever?". Se fosse para um pai ou outro familiar, o
texto seguia para um envelope com nome no varal da sala. Quando os
parentes viessem buscar a criança, podiam retirar também a mensagem.
Lembro a alegria da "vovó Lelena" ao receber o bilhete que ilustra esta
coluna...
Faz toda a diferença
deixar os pequenos escrever do jeito deles, da melhor forma que podem,
segundo as ideias que possuem sobre a escrita no momento. Eles são
levados a pensar em quais letras colocar, quantas letras colocar e em
que ordem colocar. Essa reflexão sobre o sistema de escrita as leva a
avançar, mesmo quando o professor não pode fazer as melhores
intervenções.
No entanto, propostas
desse tipo ainda sofrem resistência. Há, sobretudo, o receio da
avaliação dos pais, que querem ver os cadernos de seus filhos com a
grafia correta. Em vez de se acomodar com as atividades de cópia, vale
muito explicar a importância da escrita não convencional das crianças e o
processo pelo qual elas aprendem. Essa incursão na "liberação da
escrita" - isto é, permitir que as crianças escrevam fora das amarras da
cópia - tem efeitos positivos na aprendizagem e é uma conquista para os
professores.
Ao mesmo tempo, eles vão
descobrindo que se deve fazer algo mais do que apenas contemplar e
aceitar as hipóteses de escrita das crianças. Não se pode ficar só na
sondagem. É preciso planejar atividades com intencionalidade e saber
intervir para ajudar os pequenos a avançar. Deve-se levar em conta os
conhecimentos que possuem como critério para a organização de interações
produtivas para as atividades de leitura e escrita. Mas, antes de tudo,
vamos deixar as crianças escrever! Esse é um aspecto importante para a
formação de professores alfabetizadores.
Fonte: Nova Escola
Entre as atividades da didática da alfabetização,
há duas que todo professor - mesmo um iniciante - pode lançar mão
imediatamente: a primeira é ler todos os dias para as crianças. A
segunda é deixá-las escrever. Vejo a presença de livros e as práticas de
leitura mais consolidadas em nossas escolas. As de escrita, ainda não.
Pensando nisso e tendo a
sala de aula como inspiração, viajei de volta a 1999. Lembrei de uma
proposta na pré-escola em que atuei como coordenadora. Entre os espaços
de atividades diversificadas na sala, montamos o cantinho da escrita.
Era simples: uma mesinha com letras móveis, todo tipo de caneta, máquina
de escrever, envelopes, papéis de carta, folhas grandes, lápis pretos -
enfim, tudo para ser um lugar em que os pequenos tivessem vontade de
escrever.
Vovó Lelena, eu posso ir na sua casa?" é o pedido de Maria Eduarda |
E que vontade! As
crianças escreviam livremente, de acordo com suas hipóteses sobre o
sistema de escrita. Também trocavam ideias e conversavam sobre as
grafias mais adequadas. A professora passava e fazia intervenções: "Para
quem você vai escrever?". Se fosse para um pai ou outro familiar, o
texto seguia para um envelope com nome no varal da sala. Quando os
parentes viessem buscar a criança, podiam retirar também a mensagem.
Lembro a alegria da "vovó Lelena" ao receber o bilhete que ilustra esta
coluna...
Faz toda a diferença
deixar os pequenos escrever do jeito deles, da melhor forma que podem,
segundo as ideias que possuem sobre a escrita no momento. Eles são
levados a pensar em quais letras colocar, quantas letras colocar e em
que ordem colocar. Essa reflexão sobre o sistema de escrita as leva a
avançar, mesmo quando o professor não pode fazer as melhores
intervenções.
No entanto, propostas
desse tipo ainda sofrem resistência. Há, sobretudo, o receio da
avaliação dos pais, que querem ver os cadernos de seus filhos com a
grafia correta. Em vez de se acomodar com as atividades de cópia, vale
muito explicar a importância da escrita não convencional das crianças e o
processo pelo qual elas aprendem. Essa incursão na "liberação da
escrita" - isto é, permitir que as crianças escrevam fora das amarras da
cópia - tem efeitos positivos na aprendizagem e é uma conquista para os
professores.
Ao mesmo tempo, eles vão
descobrindo que se deve fazer algo mais do que apenas contemplar e
aceitar as hipóteses de escrita das crianças. Não se pode ficar só na
sondagem. É preciso planejar atividades com intencionalidade e saber
intervir para ajudar os pequenos a avançar. Deve-se levar em conta os
conhecimentos que possuem como critério para a organização de interações
produtivas para as atividades de leitura e escrita. Mas, antes de tudo,
vamos deixar as crianças escrever! Esse é um aspecto importante para a
formação de professores alfabetizadores.
Fonte: Nova Escola
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